ASSÉDIO MORAL, violência nossa de cada dia.
Grupo Na Moral
Jaqueline dos Santos Cardoso – Polo Paracambi – Mat.15112080220
Lenemar de Souza Freitas – Polo Paracambi – Mat. 13212080198
Rozelane Sarmento Braz – Polo Paracambi – Mat. 14112080172
Cena do filme “2001 Uma Odisséia no Espaço”
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O Ser Humano sempre buscou o poder como forma de
sobrevivência, e a violência é a principal ferramenta nessa conquista. Seja a
violência física, psíquica e intelectual, desde que propicie a subordinação de
um em função do outro.
Se fizermos uma retrospectiva histórica poderemos relembrar
episódios, tais como: os Faraós escravizando os egípcios, a relação das castas
indianas, a conquistas do império romano, as cruzadas cristãs, as regalias
monárquicas francesas, o bloqueio continental napoleônico, a escravidão, o
nazismo, a ditadura militar, o machismo, a homofobia etc.
Descobrir-se mais forte que o outro não significa garantia
do direito de dominação. Mas, parece que é mais forte que nós. Nós, vírgula!
Pois aí implica dois outros conceitos fundamentais: ética e empatia.
"indivíduo ético é aquele que respeita a humanidade em
si e no outro".
Margarida Barreto
No artigo “DROGAS, VIOLÊNCIA E JUVENTUDE: DESCONSTRUINDO
ESTEREÓTIPOS E RECONHECENDO”, a pesquisadora Maria Fátima Olivier Sudbrack
investiga a origem da violência “intrínseca” ao jovem. Ela busca compreender os
motivos pelo qual os jovens estão sempre ligados a violência e a as drogas. Ela
parte do princípio, popular, de que são violentos e se drogam pelo simples fato
de ser jovem, e ponto.
Então ela trata dessa violência como se fosse uma doença,
mas ressalta a atenção sobre seus sintomas, a febre, por exemplo.
A febre não é a doença em si, ela é um sintoma, um
dispositivo de alerta do corpo para indicar que há algo de errado, que há um
desequilíbrio por parte de algum órgão. Ela é um pedido de socorro!
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Pois bem, se a violência é uma febre, qual é a doença em
sim? De onde vem o desequilíbrio desse “corpo”? Ela, então, afirma que a
violência social que atinge direta ou indiretamente esse jovem é o que leva a
essa “febre”. Uma resposta violenta à toda a violência que o afeta:
desestrutura e desafeto familiar, desrespeito das políticas públicas em relação
aos direitos sobre a saúde, educação, lazer e segurança, a dominação cultural
imposta pelas mídias e o capitalismo selvagem, e toda a espécie de dominação
social que, não só os jovens mas, todos nós vivemos.
Nosso grupo escolheu esse tema, Assédio Moral, mas é claro
que os outros temas tratados neste blog estão diretamente ligados as relações
sociais vigentes em nosso tempo. Somos violentados constantemente sem perceber.
E, para nos defender, somos violentos também, vivemos “trocando chumbo”.
Lendo o depoimento de uma professora, em seu blog,
percebemos seu desabafo em relação ao estereótipo que a mídia criando do
professor, quando dão visibilidade exagerada sempre que um professor
desrespeita um aluno. E, para se defender usa, nitidamente, um tom revoltado e
nada empático em relação a tudo que pode estar por trás do ato de desrespeito
que vem de um estudante.
Não é uma crítica a reclamação dela, muito pelo contrário.
No texto compreendemos seu sofrimento. É só o caso aqui, de exemplificar o
quanto nos tornamos violentos na tentativa de nos defender dela:
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O Filósofo, teólogo e educador Mario Sérgio Cortella fala a
respeito da falta de referências hierárquicas na criação que os pais dão hoje a
nossas crianças.
Damos opções a indivíduos que ainda não têm experiências e
compreensão epistemológicas para fazer escolhas, no lugar de conduzi-las de
maneira (supostamente) correta, educando-as. Não é a isso o que chamamos de
criação?. Quando, essas mesmas crianças, se deparam com a autoridade e as
regras demandadas pela escola e educadores, necessárias no processo de ensino
aprendizagem, elas se defendem, usando os argumentos assimilados por elas na
convivência familiar e na própria comunidade: O famoso, “sabe com quem está
falando?”, “estou pagando”, “você não manda em mim”..
Segue entrevista citada: https://www.youtube.com/watch?v=P4EPPeWocj8
A criança, o adolescente, o jovem, não percebem a autoridade
como condutor de um processo, mas sim como uma imposição de valores e desejos
do outro sobre ele, que está tão acostumado a escolher o que quer, com aval
daqueles que deveriam ter maior autoridade sobre eles, seus pais. Na verdade,
os próprios pais já são frutos de uma sociedade que os permitiu escolher sem
referência hierárquica.
Como, então, resolver sozinho esse quiproquó histórico em um
tempo de aula de 45 minutos?
Bom, a lei criou mecanismos para garantir os direitos e
deveres em relação ao respeito. A velha história de que “seu direito termina
onde começa o meu, e vice-versa”.
Naquele blog, Professor: Profissão perigo, citado acima; a
professora afirma que nunca viu a lei ser aplicada a algum aluno, por desacato
ou desrespeito.
E, abaixo, vemos mais discursos inflamados e vingativos:
“Eu acredito que as salas de aula deveriam ser abertas,
ficando lá dentro apenas os alunos que querem aprender alguma coisa. Alunos que
são obrigados a frequentar a escola não querem estudar, vão apenas para cumprir
algo que são obrigados a fazer. Se o tal "conselho" deixasse de
existir e os alunos efetivamente reprovassem se não atingissem a média ou
tivesses faltas superiores a 25% não seria o atual cenário dentro das salas de
aula. Mas ao mesmo tempo, ninguém seria obrigado a ir a escola. Vestibular é
uma coisa que poderia ser substituída por MÉRITO, ou seja, se você se dedica
aos estudos, desde sempre, tem direito a tentar uma vaga na universidade, caso
contrario não!”
Quando você era criança, você preferia ir para a escola ou
ficar brincando o dia inteiro? É cômico pensar dessa forma. Crianças não têm
referência epistemológica para avaliar a importância de estar em sala de aula.
Por isso a origem do Pedagogo, lembra? Aquele que conduz a criança para a
escola, que conduz a criança no caminho do conhecimento. Elas não têm condição
de escolher, não é justo. É covarde culpa-las.
É covarde também culpar seus pais, vítimas de um sistema
cruel. É covardia culpar os diretores que são pressionados pelo mesmo sistema e
pelos pais que pagam e mantem as escolas (privadas ou públicas). É covarde
acreditar que professores vão dar cota de consertar tudo isso sozinho. E,
ainda, é covardia ser professor e culpar a criança. Certamente, através da
observação e análise de como o mundo funciona, essa mesma criança irá cometer
bullying com o primeiro que se mostrar mais vulnerável que ela. Mas, podemos
também, correr no sentido contrário, o da insubordinação. E, com isso, criamos
um ciclo vicioso violento e vingativo.
A preocupação com questões deste cunho, existem desde
sempre. Foi tratado da Bíblia, no Alcorão, na Roma Antiga; e atende por
diferentes terminologias:” Mobbing nos países Nórdicos, Suíça e Alemanha;
o Bullying (tiranizar) na Inglaterra; Harcèlement na
França; Bossing na Itália; Acoso Moral na Espanha e
Itália; Harassment ou Mobbing (molestar) nos EUA;
Psicoterror e Assédio Moral no Brasil
e Ijime ou Murahachibu (ostracismo social) no Japão. Essas
denominações guardam concordância entre aqueles que estudam e se dedicam ao
assédio moral.”
///
Assédio moral provoca danos emocionais irreversíveis,
impagáveis. A lei existe, mas o processo é árduo, doloroso e implica em um
ânimo que, justamente esse, não se têm depois de se tornar vítima.
A crueldade implícita no Assédio Moral tem tamanhos
diferentes, que vai da brincadeirinha de mal gosto até o holocausto nazista.
Seus antídotos vão dos costumes familiares aos Direitos Humanos.
A vítima de hoje é um potencial algoz de amanhã. Conceitos
como: democracia, ética, empatia e afeto; são fundamentais no combate ao
Assédio Moral. Devem ser temas exercitados em todos os âmbitos sociais (escola,
igreja, clubes...)
E, a adaptação ao novo é necessária por parte dos Educares,
em especial. Adequar-se ao tempo e a novas tecnologias é fundamental.
A heurística é ferramenta ideal para isso. Ao invés de
proibir e criticar o uso do celular em sala de aula, por exemplo, é mister
descobrir maneiras inteligentes, eficazes e inovadoras de usar essa tecnologia
como auxiliadora, em favor do caminho do conhecimento. Olhar, ver e enxergar o
valor do novo.
Precisamos baixar a febre e ir curando a doença com calma,
com carinho, com afeto. O Pedagogo deve conduzir, e não criticar. Valorizados
ou não, somos de fato responsáveis pela sociedade que nos cerca. Precisamos ter
afeto na luta, ajudando a construir o exército que vai atuar eticamente,
moralmente, politicamente e legalmente em nossa sociedade.
Porque, afinal de contas, crianças de hoje praticam
bullying, mas elas crescem e viram adultos que praticarão o fascismo. De modo
que vamos vivendo eternamente sobre a hegemonia do “manda que pode, obedece
quem tem juízo”.
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