quinta-feira, 13 de outubro de 2016

ASSÉDIO MORAL, violência nossa de cada dia.
Grupo Na Moral
Jaqueline dos Santos Cardoso – Polo Paracambi – Mat.15112080220
Lenemar de Souza Freitas – Polo Paracambi – Mat. 13212080198
Rozelane Sarmento Braz – Polo Paracambi – Mat. 14112080172


Cena do filme “2001 Uma Odisséia no Espaço”
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O Ser Humano sempre buscou o poder como forma de sobrevivência, e a violência é a principal ferramenta nessa conquista. Seja a violência física, psíquica e intelectual, desde que propicie a subordinação de um em função do outro.
Se fizermos uma retrospectiva histórica poderemos relembrar episódios, tais como: os Faraós escravizando os egípcios, a relação das castas indianas, a conquistas do império romano, as cruzadas cristãs, as regalias monárquicas francesas, o bloqueio continental napoleônico, a escravidão, o nazismo, a ditadura militar, o machismo, a homofobia etc.
Descobrir-se mais forte que o outro não significa garantia do direito de dominação. Mas, parece que é mais forte que nós. Nós, vírgula! Pois aí implica dois outros conceitos fundamentais: ética e empatia.

"indivíduo ético é aquele que respeita a humanidade em si e no outro".
Margarida Barreto


No artigo “DROGAS, VIOLÊNCIA E JUVENTUDE: DESCONSTRUINDO ESTEREÓTIPOS E RECONHECENDO”, a pesquisadora Maria Fátima Olivier Sudbrack investiga a origem da violência “intrínseca” ao jovem. Ela busca compreender os motivos pelo qual os jovens estão sempre ligados a violência e a as drogas. Ela parte do princípio, popular, de que são violentos e se drogam pelo simples fato de ser jovem, e ponto.
Então ela trata dessa violência como se fosse uma doença, mas ressalta a atenção sobre seus sintomas, a febre, por exemplo.
A febre não é a doença em si, ela é um sintoma, um dispositivo de alerta do corpo para indicar que há algo de errado, que há um desequilíbrio por parte de algum órgão. Ela é um pedido de socorro!
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Pois bem, se a violência é uma febre, qual é a doença em sim? De onde vem o desequilíbrio desse “corpo”? Ela, então, afirma que a violência social que atinge direta ou indiretamente esse jovem é o que leva a essa “febre”. Uma resposta violenta à toda a violência que o afeta: desestrutura e desafeto familiar, desrespeito das políticas públicas em relação aos direitos sobre a saúde, educação, lazer e segurança, a dominação cultural imposta pelas mídias e o capitalismo selvagem, e toda a espécie de dominação social que, não só os jovens mas, todos nós vivemos.
Nosso grupo escolheu esse tema, Assédio Moral, mas é claro que os outros temas tratados neste blog estão diretamente ligados as relações sociais vigentes em nosso tempo. Somos violentados constantemente sem perceber. E, para nos defender, somos violentos também, vivemos “trocando chumbo”.
Lendo o depoimento de uma professora, em seu blog, percebemos seu desabafo em relação ao estereótipo que a mídia criando do professor, quando dão visibilidade exagerada sempre que um professor desrespeita um aluno. E, para se defender usa, nitidamente, um tom revoltado e nada empático em relação a tudo que pode estar por trás do ato de desrespeito que vem de um estudante.
Não é uma crítica a reclamação dela, muito pelo contrário. No texto compreendemos seu sofrimento. É só o caso aqui, de exemplificar o quanto nos tornamos violentos na tentativa de nos defender dela:
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O Filósofo, teólogo e educador Mario Sérgio Cortella fala a respeito da falta de referências hierárquicas na criação que os pais dão hoje a nossas crianças.
Damos opções a indivíduos que ainda não têm experiências e compreensão epistemológicas para fazer escolhas, no lugar de conduzi-las de maneira (supostamente) correta, educando-as. Não é a isso o que chamamos de criação?. Quando, essas mesmas crianças, se deparam com a autoridade e as regras demandadas pela escola e educadores, necessárias no processo de ensino aprendizagem, elas se defendem, usando os argumentos assimilados por elas na convivência familiar e na própria comunidade: O famoso, “sabe com quem está falando?”, “estou pagando”, “você não manda em mim”..




Segue entrevista citada: https://www.youtube.com/watch?v=P4EPPeWocj8

A criança, o adolescente, o jovem, não percebem a autoridade como condutor de um processo, mas sim como uma imposição de valores e desejos do outro sobre ele, que está tão acostumado a escolher o que quer, com aval daqueles que deveriam ter maior autoridade sobre eles, seus pais. Na verdade, os próprios pais já são frutos de uma sociedade que os permitiu escolher sem referência hierárquica.
Como, então, resolver sozinho esse quiproquó histórico em um tempo de aula de 45 minutos?
Bom, a lei criou mecanismos para garantir os direitos e deveres em relação ao respeito. A velha história de que “seu direito termina onde começa o meu, e vice-versa”.
Naquele blog, Professor: Profissão perigo, citado acima; a professora afirma que nunca viu a lei ser aplicada a algum aluno, por desacato ou desrespeito.
E, abaixo, vemos mais discursos inflamados e vingativos:
“Eu acredito que as salas de aula deveriam ser abertas, ficando lá dentro apenas os alunos que querem aprender alguma coisa. Alunos que são obrigados a frequentar a escola não querem estudar, vão apenas para cumprir algo que são obrigados a fazer. Se o tal "conselho" deixasse de existir e os alunos efetivamente reprovassem se não atingissem a média ou tivesses faltas superiores a 25% não seria o atual cenário dentro das salas de aula. Mas ao mesmo tempo, ninguém seria obrigado a ir a escola. Vestibular é uma coisa que poderia ser substituída por MÉRITO, ou seja, se você se dedica aos estudos, desde sempre, tem direito a tentar uma vaga na universidade, caso contrario não!”
Quando você era criança, você preferia ir para a escola ou ficar brincando o dia inteiro? É cômico pensar dessa forma. Crianças não têm referência epistemológica para avaliar a importância de estar em sala de aula. Por isso a origem do Pedagogo, lembra? Aquele que conduz a criança para a escola, que conduz a criança no caminho do conhecimento. Elas não têm condição de escolher, não é justo. É covarde culpa-las.
É covarde também culpar seus pais, vítimas de um sistema cruel. É covardia culpar os diretores que são pressionados pelo mesmo sistema e pelos pais que pagam e mantem as escolas (privadas ou públicas). É covarde acreditar que professores vão dar cota de consertar tudo isso sozinho. E, ainda, é covardia ser professor e culpar a criança. Certamente, através da observação e análise de como o mundo funciona, essa mesma criança irá cometer bullying com o primeiro que se mostrar mais vulnerável que ela. Mas, podemos também, correr no sentido contrário, o da insubordinação. E, com isso, criamos um ciclo vicioso violento e vingativo.
A preocupação com questões deste cunho, existem desde sempre. Foi tratado da Bíblia, no Alcorão, na Roma Antiga; e atende por diferentes terminologias:” Mobbing nos países Nórdicos, Suíça e Alemanha; o Bullying (tiranizar) na Inglaterra; Harcèlement na França; Bossing na Itália; Acoso Moral na Espanha e Itália; Harassment ou Mobbing (molestar) nos EUA; Psicoterror e Assédio Moral no Brasil e Ijime ou Murahachibu (ostracismo social) no Japão. Essas denominações guardam concordância entre aqueles que estudam e se dedicam ao assédio moral.”
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 Assédio moral provoca danos emocionais irreversíveis, impagáveis. A lei existe, mas o processo é árduo, doloroso e implica em um ânimo que, justamente esse, não se têm depois de se tornar vítima.
A crueldade implícita no Assédio Moral tem tamanhos diferentes, que vai da brincadeirinha de mal gosto até o holocausto nazista. Seus antídotos vão dos costumes familiares aos Direitos Humanos.
A vítima de hoje é um potencial algoz de amanhã. Conceitos como: democracia, ética, empatia e afeto; são fundamentais no combate ao Assédio Moral. Devem ser temas exercitados em todos os âmbitos sociais (escola, igreja, clubes...)
E, a adaptação ao novo é necessária por parte dos Educares, em especial. Adequar-se ao tempo e a novas tecnologias é fundamental.
A heurística é ferramenta ideal para isso. Ao invés de proibir e criticar o uso do celular em sala de aula, por exemplo, é mister descobrir maneiras inteligentes, eficazes e inovadoras de usar essa tecnologia como auxiliadora, em favor do caminho do conhecimento. Olhar, ver e enxergar o valor do novo.
Precisamos baixar a febre e ir curando a doença com calma, com carinho, com afeto. O Pedagogo deve conduzir, e não criticar. Valorizados ou não, somos de fato responsáveis pela sociedade que nos cerca. Precisamos ter afeto na luta, ajudando a construir o exército que vai atuar eticamente, moralmente, politicamente e legalmente em nossa sociedade.
Porque, afinal de contas, crianças de hoje praticam bullying, mas elas crescem e viram adultos que praticarão o fascismo. De modo que vamos vivendo eternamente sobre a hegemonia do “manda que pode, obedece quem tem juízo”.






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